Sunday, April 18, 2010

Como me estão sempre a dizer que não venho dinamizar o meu blog , lolol , resolvi postar os meus poemas presentes no meu terceiro album " Gonçalo Salgueiro" ... espero que gostem !


QUIS DEUS QUE FOSSES MARIA

Quis Deus que fosses Maria
Minha mãe, minha ternura,
A que a vida por mim daria
Livra-me desta amargura
De nunca ter alegria

É todo teu o meu fado
É por ti que ainda canto
Apenas por ti amado
Só tu ouves meu pranto
Só por ti sou desejado

E mesmo não tendo mais nada
Que esse teu amor profundo
Ó minha mãe adorada
Mesmo deixando este mundo
Sempre serás minh´amada

Letra de Gonçalo Salgueiro / Musica de Joaquim Campos

MINHA NAU DE AMARGURA

És fado que não cantei
És o amor que não fiz
És o verso inacabado
Deste meu poema triste
Tudo por ti deixei
Mas o destino não quis
Que fosse meu o teu fado
E meu coração não viste

És fado que não cantei
Minha nau de amargura
Partida deste meu corpo
Na fé que eu perdi
Tanto por ti esperei
Qu´alcancei a desventura
De ver em outro porto
A flor que não colhi

És fado que não cantei
Minha canção d´ansiedade
Que de mim anda perdida
Desde que te olhei
Nada mais desejei
Que matar esta saudade
Tu és meu fado na vida
Um fado que não cantei

Letra de Gonçalo Salgueiro / Musica de Alfredo Marceneiro

TRISTES HORAS

Encontro-me na noite em horas vãs
Quando essa tua imagem me acontece
Recolho-me ao vazio plas manhãs
Negando a luz do sol que me anoitece

Entrego-me á loucura sem ter o dia
De não ver este amor dentro de mim
Reduzo-me á tortura e á poesia
Onde te esqueço e posso dar lhe fim

E nestas tristes horas em que me iludo
Cantando sentimentos de outro alguém
Lançando em minha voz o grito mudo
Do mal que é não querer amar ninguém

Sonhando volto ao leito por ti deixado
Torno a beijar a boca que me mente
Á luz do dia cumpro um triste fado
De noite serei teu eternamente

Letra de Gonçalo Salgueiro / Musica de Armando Machado


TIVE UMA VIDA, DEIXEI-A

Sou filho da lua cheia
Do sol um filho bastardo
Tive uma vida , deixei-a
Por nunca ter sido amado

Sou como o mar selvagem
Que tudo mata e destroi
Por não encontrar coragem
De aceitar o que me dói

Sou do fogo a chama
Sou o vento,o tudo,o nada
Sou o abismo que brama
Tua ausência prolongada

Sou alma que flameja
Sedenta da vingança
A boca que ninguém beija
A voz que não te alcança

Sou o fumo da candeia
Que se extingue neste fado
Tive uma vida , deixei-a
Por nunca ter sido amado

Letra de Gonçalo Salgueiro / Música do "Fado Corrido" D.R.


AMOR DUMA HORA SÓ

Descalço corro as ruas noite fora
Caminhando, caminhando sem parar
Onde estas ó meu amor d´uma só hora
Onde estás meu amor , para te abraçar

Esta dor que corre em mim cada segundo
Só pede á terra ao céu o teu abraço
Nada sou, nada mais tenho neste mundo
Meu amor, sem teu amor, sem teu regaço

Grito ao vento pelo teu nome em solidão
Chora a noite nosso amor eternamente
Brotam lágrimas das pedras plo chão
Onde estás meu grande amor , amor ausente

Não te alcanço, não me encontro, desespéro
Vou voltar á liberdade indesejada
Preso ao mundo onde apenas por ti espero
Sem amor, sem teu nome , sem ter nada

Letra de Gonçalo Salgueiro / Musica de Alfredo Marceneiro

CÁLICE DE PERDÃO

Minha dor é um convento
Cheio de sombras por dentro
Onde o sol não quer entrar
Sombras são feitas de ti
Silhuetas que esculpi
sem a luz do teu olhar

as paredes frias , nuas
escondem saudades tuas
que o luar me vem mostrar
no templo és oração
meu caliçe de perdão
por viver só pra te amar

passam noites passam dias
sinos dobram agonias
que o vento geme por mim
neste convento onde moro
rezo , canto , grito e choro
ninguém sabe que é por ti!

Letra de Gonçalo Salgueiro / Musica de Acácio Gomes ( homenagem a Florbela Espanca)

ESTRANHA FORMA DE SER

Eu pertenço ao forte vento
A um triste pensamento
De um Deus que me criou
De uma centelha perdida
Apagada pla vida
Neste ser me transformou

Voltei aqui pra sofrer
Em estranha forma de ser
Sem saber bem o que sou
Serei misto de loucura
Da razão que te procura
quando estás onde não estou

minh´alma te entreguei
meu corpo te abandonei
apenas me resta a voz
tenho a forma da saudade
sou memoria da verdade
sombra apagada de nós

no meu fado rogo ao vento
que a ti leve este lamento
pla solidão esmagado
vou dar forma a outro ser
quero á terra pertencer
pra viver sempre a teu lado

Letra de Gonçalo Salgueiro / Música de José António Sabrosa

TÚNEL DE SAUDADE

No meu túnel de saudade
Que me dói ao percorrer
Vou parar ao coração
Que não encontra razão
De tal viagem fazer

Continua tentação
De correr via tão escura
Sem saber o que esperar
Num coração a teimar
A razão desta procura

Perdido na escuridão
Num constante vai e vem
Este amor já não tem cura
É uma forma de loucura
Não ter o amor de ninguém

Volto atrás no caminho
Quero ir de novo á luz
Pois sei que não vou encontrar
A razão de arrastar
A saudade numa cruz

Letra de Gonçalo Salgueiro / Música de Jaime Santos

SOU MOINHO ABANDONADO

Sou moinho abandonado
Em terreno enlameado
Em paisagem tão sozinha
Meu amor foi embora
Cansou do tempo de outrora
A solidão é toda minha

As velas rasgam saudades
Trazendo cruas verdades
Que o vento canta ao passar
No coração do moinho
Ainda chora baixinho
A semente deste amar

No amargo deste pão
Ao calor da minha mão
Peço ao vento pra trazer
Esse amor tão desejado
Plo mundo condenado
a semente por nascer

Letra de Gonçalo Salgueiro / Musica de Georgino de Sousa

Tuesday, April 13, 2010

FADO na SR, Sveriges radio, II

Ulf Bergqvist apresentou, ontem, o 2º desta série de 3 programas de fado que produziu para a Rádio Sueca, programa que intitulou "Med fadon ut i världen". Excelente selecção de Fados de Lisboa, e não só, nas vozes de Amália, Gonçalo Salgueiro, Tristão da Silva, Toni de Matos, Maria Clara, Frei Hermano da Câmara, entre outros...

Se quiser ouvir, tem aqui o link directo
http://sverigesradio.se/webbradio/webbradio.asp?type=broadcast&Id=2305199&BroadcastDate=&IsBlock=